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Resfriado, gripe ou Covid?

Adoraria dizer que é fácil diferenciar, mas não é. Não é à toa que muitas vezes vamos ao médico e saímos de lá com um diagnóstico que julgamos incerto: “Você tem uma virose”. Sim, é isso mesmo. Diagnóstico incerto; mas nem por isso está errado.

Afinal, são os vírus os maiores responsáveis pelas inúmeras infecções que contraímos durante a vida. Quando criança, adoecíamos uma infinidade de vezes, com dores de garganta, coriza, lacrimejamento, febre, tosse, espirro. E quando entrávamos na escola adoecíamos mais ainda. Hoje também é assim com nossos filhos.


Mas eu pensei que esse negócio de “virose” era dito pra gente quando o médico não sabia o que a gente tem. Não é assim?!


A resposta que eu dou a essa pergunta é: Sim, não, talvez. E agora mais do que nunca podemos sair de um consultório médico com uma grande incógnita e não com uma certeza. Isto porque, nos deparamos com muitas infecções virais ao longo da nossa vida e na maioria das vezes não testamos todos eles (Rinovírus, Adenovírus, Vírus Sincicial Respiratório, Influenza e tantos outros).


Em parte, porque nosso organismo dá conta da maioria desses episódios. Em parte, porque seria economicamente inviável ficar testando cada evento febril que tivermos na vida. O fato é que com o aparecimento do novo Coronavírus, aumentou a cobrança por um diagnóstico rápido e preciso dos quadros gripais.


O Black book de Pediatria de 2011 fala que os pequenos têm em média de 6 a 10 resfriados/ano. E que ao começar a frequentar creches e escolinhas tal frequência aumenta, podendo chegar de 12 a 20 infecções/ano. Cada episódio desses poderá ser por um tipo de vírus diferente.


As chamadas Síndromes gripais cursam com picos febris mais elevados, estado geral mais comprometido, falta de apetite mais pronunciada, dores musculares. Os sintomas podem ser os mesmos dos resfriados, mas no geral, com maior abatimento do doente e por um período de tempo mais prolongado.


Como se não bastasse essa confusão, se é gripe ou é um simples resfriado, poderão surgir complicações com infecções bacterianas. Então aparecem as otites, sinusites, amigdalites, pneumonia. Por isso muitas vezes, uma criança que examinamos na sexta não precisava de antibióticos, na segunda-feira talvez já precise.


Mas e então, não é melhor que o médico prescreva logo um antibiótico? Não. Porque a terapia antimicrobiana não vai prevenir a complicação. Seria melhor reforçar os cuidados gerais com alimentação, ingestão de líquidos e repouso em casa do que “empurrar” antibióticos para a criança toda vez que ela adoece.


Para complicar ainda mais a situação surgiu em nosso meio o novo Corona vírus, que pode ocasionar um quadro semelhante a uma gripe ou resfriado comum, uma pneumonia e outras complicações, levando o paciente à morte ou simplesmente não provocar nenhum sintoma no organismo que o contraiu.


Então voltamos ao questionamento inicial: “É resfriado, gripe ou Covid?”. Não se espante se continuar sem resposta, pois em Medicina as coisas não são exatas como na Matemática. O mesmo microrganismo pode desencadear reações diferentes em pessoas diferentes; e até na mesma pessoa, em momentos de vida diferentes.


Nosso sistema imunológico depende de muitos fatores para manter um bom funcionamento: a alimentação, o descanso, a carga de estresse, a existência ou não de outras doenças, que hoje tantos já denominam de “comorbidades”. Então não é tão absurdo assim sair de um consultório com o diagnóstico de “virose”. Nem sempre o diagnóstico inicial se confirma e às vezes ele muda radicalmente em horas ou dias.

Se seu filho está com uma “virose”, fique atento à maneira como ele reage à doença. E ao leva-lo ao médico, deixe com o profissional a decisão do que irá receitar para ele.

Está recusando a alimentação? Vomita tudo o que come? Fica o tempo todo deitado sem querer sair da cama? Está respirando mais rápido, fica roxinho ou percebe as laterais das narinas se movimentando enquanto ele respira com dificuldade? Se está com febre, observe quantas vezes ao dia e a temperatura no termômetro se permanece acima de 39 graus. Casos assim podem indicar uma complicação por infecção bacteriana ou uma infecção por H1N1 ou pelo novo Coronavírus.


Mas se ele (a) brinca e corre na maior parte do tempo, respira livremente, aceita alimentos e/ou líquidos, tem febre baixa ou passa a apresentar picos febris mais espaçados, apresenta coriza fluida e clara, sem alterações no tom da pele ou manchas suspeitas no corpo, há grandes possibilidades de se tratar de um resfriado simples uma gripe que será combatida com água, alimentação, repouso adequado e medicamentos sintomáticos.


Não pressione o pediatra para que prescreva antibióticos. Muitos pais e mães só ficam satisfeitos se saem do consultório com uma receita repleta de medicamentos e induzem os médicos a cometerem erros que chamamos de iatrogenias. No tempo das nossas avós a maioria dessas doenças eram tratadas em casa, com chás e outros remédios caseiros. Use o bom senso e observe seu filho (a). E lembre-se: quando for ao médico, deixe que ele cumpra o papel dele e faça você o seu, que é de cuidar e não de diagnosticar.


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